Eleição na Austrália

Hoje vamos falar da Austrália, o país que definiu o voto secreto moderno. Vou aproveitar para dar uma atualizada sobre o que falei nesta newsletter sobre a decisão executiva do Donald Trump e os resultados da eleição do Canadá.

Olá, Lucas Lago aqui. Estava esperando uma edição focada em tecnologia, né? Mas tem muita eleição com informações interessantes –focaremos em tecnologia quando tivermos uma folga.

Hoje vamos falar da Austrália, o país que definiu o voto secreto moderno. Vou aproveitar para dar uma atualizada sobre o que falei nesta newsletter sobre a decisão executiva do Donald Trump e os resultados da eleição do Canadá.

Na entrevista dessa edição, trouxe o Piers Gooding, um colega australiano que faz parte, assim como eu, da Public Interest Technology Network, um grupo de pessoas que receberam bolsas para estudar tecnologia e depois se juntou para continuar se apoiando. Além dele, troquei alguns e-mails com o professor Kurt Sengul, que pesquisa o uso do humor por grupos políticos.

No final, uma atualização sobre a ideia do Trump de alterar o processo eleitoral nos Estados Unidos. Pensei em escrever sobre o Conclave que inicia agora em Maio, mas já fizeram até filme, então ainda não me decidi.

Você deve ter percebi que por causa do feriado esta edição chegou na sexta em vez de quinta, nosso dia padrão para a Impressa e Auditável. Deixo o deixo o link para fancan kwaii da urna eletrônica como agradecimento pela paciência.


Informações gerais - Austrália

População

27.8 milhões

Eleitores

18.1 milhões

Sistema de votação

Votação preferencial

Sistema de governo

Parlamentarismo

Próxima eleição

03.mai.25


A óbvia disputa política nas urnas

A Austrália é uma das antigas colônias inglesas e, assim como comentei do Canadá na edição passada, tem seu cenário político dividido entre trabalhistas e liberais. E, infelizmente, não temos um partido rinoceronte por lá.

O professor Kurt comentou comigo que os partidos menores vem crescendo e atualmente chegam a atrair 30% dos votos. Mas as pesquisas indicam que o próximo governo ficará com um dos dois partidos tradicionais mesmo.

O eleitor na Austrália não faz um X no nome do seu candidato na cédula. O sistema de votos deles é chamado de preferencial –nele você faz um ranking dos candidatos da sua região, colocando o número 1 na sua primeira opção, 2 na segunda, etc.

Na hora da contagem, o processo é o seguinte: primeiro, conta-se todos as vezes que cada candidato foi escolhido como 1ª opção, caso algum candidato consiga maioria dos votos ele está eleito por aquele distrito. No caso de ninguém ter maioria, o candidato com menos votos é removido da disputa e as cédulas dele são redistribuídas para os candidatos que foram escolhidos como segunda opção. O processo é repetido até algum candidato obter maioria simples dos votos.

Quando eu vi achei meio complicado, mas a ideia de poder escolher um “segundo” candidato caso o primeiro vá mal é bem atrativa. Principalmente para ajudar eleitores de pequenos partidos a marcar posição (o partido nacionalista de direita reforça isso na sua campanha).

O ‘voto australiano’

Normalmente quando pensamos em nações que definiram o que chamamos de democracia listamos os de sempre: Grécia, França e Estados Unidos. Mas a Austrália é responsável por uma contribuição que é um dos fundamentos de toda democracia moderna: o voto secreto.

Cabine de votação em 1989, no Brasil, patrocinada por marca de cerveja.

No final do século XIX, a Austrália foi o primeiro país a implantar o voto secreto, ainda antes de garantir o voto para mulheres ou populações originárias. Desde então, o voto secreto ficou conhecido como “voto australiano”.

Alguns anos mais tarde, a Austrália também seria pioneira na possibilidade de mulheres concorrerem a cargos eletivos.

Todos esses movimentos são parte de um esforço australiano (ainda colônia Britânica) de garantir maior representatividade nas eleições. Como grande parte da população trabalhava na mineração no interior do país, facilitar e diversificar o voto era uma forma de enfraquecer o poder do colonizador.

Na Austrália é possível votar duas vezes

Pegando o gancho da facilidade em votar, pedi pro Piers investigar uma coisa antes da nossa entrevista. As minhas pesquisas indicavam que era possível votar duas vezes em uma eleição.

Parece um absurdo, mas a ideia é que na Austrália a possibilidade de votar é facilitada. Ao chegar na sua sessão eleitoral, você informa seus dados, assina uma lista e vai para a cabine votar.

Não tem necessidade de documento com foto, não tem lista de nomes que podem votar naquela sessão, não tem livro com todos os nomes já impressos pra assinar e destacar o comprovante. Você escreve seu nome na lista.

Caso a Comissão Australiana Eleitoral encontre votos duplicados, os usuários são notificados e podem explicar o que ocorreu. Caso não consigam existem algumas punições previstas. Como os votos eram secretos, não existe possibilidade de remoção ou recontagem.


Justiça bloqueia parte das alterações propostas por Trump

Como eu havia adiantado na edição sobre as propostas de alteração no processo eleitoral feitas pela Casa Branca, a ordem executiva parecia ir contra pontos importantes da constituição.

No dia 24 de abril, a primeira decisão suspendendo parte das alterações propostas por Trump foi dada por um juiz do Distrito de Columbia. A decisão se baseia no fato que a ordem executiva do Trump afetava comissões independentes, as obrigando a alterar suas regras.

Acompanharemos os próximos capítulos dessa disputa.


Resultados do partido Rinoceronte no Canadá

Nosso convidado da edição passada, Sebastién CoRhino, recebeu 31 votos em seu distrito e não será um dos representantes no parlamento canadense. Mas a campanha do partido contra o líder do partido conservador deu resultado, a vitória do distrito foi para o candidato liberal.

O primeiro ministro continuará sendo do partido liberal, que conseguiu 169 assentos no parlamento, 3 a menos do que necessitava para ter a maioria. O governo vai precisar precisar de negociações para tentar o apoio de outros partidos do parlamento. As possibilidades são: o Bloco Quebequense (22 parlamentares), O NDP (Novo Partido Democrata, 7 parlamentares) ou os verdes (1 parlamentar).

Alguns recadinhos, finais como sempre:

  • Não deixem de assistir a entrevista. O Piers entra em vários detalhes legais sobre as eleições.
  • Já conhecem a Polígono? Newsletter de divulgação científica do Núcleo, escrita pela Chloé Pinheiro e pela Meghie Rodrigues!

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